Análise/REview | Resident Evil: Death Island

Em 27 anos de Resident Evil, essa é a primeira vez que estamos vendo a reunião de 5 protagonistas da franquia em um só projeto canônico. Essa é uma grande premissa de Resident Evil: Death Island, nova animação CGI da série que chega no dia 25 de julho.

O Resident Evil Project já conferiu o conteúdo e traz uma Análise/REview (SEM SPOILERS) do conteúdo:



INTRODUÇÃO

Em São Francisco, Leon S. Kennedy busca pelo doutor Antônio Taylor, que havia sido sequestrado. Enquanto isso, Jill Valentine, Chris Redfield e Rebecca Chambers, na BSAA, investigam um surto de zumbis na cidade. Claire Redfield identifica um possível caso envolvendo bioterrorismo no local. Eles logo descobrem que suas investigações pessoais tem algo em comum: a Ilha de Alcatráz.



Ao visitarem a "Ilha da Morte", precisam lutar contra um novo inimigo que se juntou a Maria Gomez, parceira de Glenn Arias em Resident Evil: Vendetta, buscando vingança. Resident Evil: Death Island é a nova produção canônica da série que se passa no ano de 2015, um ano após Vendetta e dois anos antes dos eventos principais de Resident Evil 7 biohazard.



O "VINGADORES" DE RESIDENT EVIL

Seria esse filme uma espécie de "Vingadores" dentro do universo de Resident Evil? Com certeza, sim. A ideia central do filme é possibilitar que os fãs vejam seus protagonistas preferidos lutando juntos contra uma grande ameaça bioterrorista. O foco do filme é justamente esta reunião, não espere uma trama complexa ou que dê continuidade a arcos passados.



Ao destacar essa reunião dos protagonistas, o filme esquece de construir narrativamente outras lacunas - o que não necessariamente é algo ruim, visto que nem todo filme precisa ter uma história profunda. E o roteiro faz muito bem isso, entregando interações excelentes entre os personagens. Pelos diálogos, conseguimos extrair informações e perceber que eles tem um histórico de parcerias e amizades.

Não apenas isso, mas os fãs de longa data também poderão visualizar uma compatibilidade extraordinária do time, construindo uma ideia bem legal de parcerias que vemos nos jogos. Certamente, foi uma jogada muito boa da Capcom. É um exemplo de fan-service sendo bem feito.



UM FILME LEVE E DIVERTIDO

Diferente de Resident Evil: Degeneration (2008), Resident Evil: Damnation (2012) e Resident Evil: Infinite Darkness (2021), esta nova animação da franquia possui uma trama muito mais simples e leve. Dessa forma, o espectador não é incentivado a fazer reflexões profundas ou pensar demais na trama - o que pode ser bom ou ruim a depender do ponto de vista.



Alguns fãs obviamente não querem assumir compromisso de se envolver tanto em uma narrativa complexa. Ao invés disso, preferem deitar no sofá e apenas se distrair um pouco. Esse filme é exatamente para isso. Não será preciso discutir tanto sobre a história ou pensar demais no roteiro, ele é entendível e simples.



VILÕES DESAFIADORES E RASOS

Os dois vilões da trama são Dylan Blake e Maria Gomez. A última já havia aparecido em Resident Evil: Vendetta e seu retorno era esperado por conta da última cena do filme, onde Maria quebra a quarta parede olhando raivosamente para a câmera depois de encarar a máscara de seu pai, que havia sido morto por Chris Redfield e Leon Kennedy.

Em Vendetta, Maria não possui destaque porque os holofotes estavam virados para Glenn Arias e seu desejo por vingança. As cenas da personagem no filme anterior são no mínimo estranhas, já que a vemos simplesmente no automático, obedecendo as ordens de Arias. Em Death Island não é muito diferente. Maria possui mais cenas, sendo algumas de ação bem legais, mas sua participação na trama ainda fica bem apagada, mesmo com o roteiro entregando oportunidades para ela ser um grande obstáculo para os heróis.



No que diz respeito a Dylan Blake, o vilão tem um passado que envolve a Umbrella e Raccoon City, que no primeiro instante parece ser bem legal. Mas com o passar do filme, essa parte de sua narrativa vai ficando cada vez mais rasa e um tanto sem graça. Dá para entender o porquê Dylan e Maria estão fazendo atrocidades no filme, mas suas motivações não deixam de ser bem simplistas, o que acaba acarretando na falta de carisma para ambos os vilões.

Em contrapartida, ambos conseguem armar ciladas para os protagonistas e colocá-los em situações complicadas. Ou seja, apesar de serem personagens rasos, pelo menos obtém a força contrária dos heróis para a história fluir bem.



ANIMAÇÃO VISUALMENTE BONITA, MAS...

Apesar de todos os defeitos das últimas animações (Vendetta e Infinite Darkness), os aspectos de animações eram impecáveis. Gráficos, expressividade das personagens, movimentos de ação bem coreografados e sincronização das falas. Death Island é um filme visualmente bonito, porém em algumas cenas é possível perceber pequenos defeitos na animação.



Esses pequenos defeitos podem ser percebidos principalmente em cenas de diálogos onde as feições de alguns personagens ficam prejudicadas, a sincronização das falas fica estranha e alguns movimentos de corpo parecendo que são aqueles elementos "bugados" dos videogames. Mas é preciso dizer que são apenas em algumas cenas, nada que vá prejudicar a experiência por completo.



A NOVA DUPLA DINÂMICA

As interações entre os personagens são excelentes como já dito. Entretanto, dois personagens desse time de heróis tem mais destaque e brilham em todo o filme como uma dupla. E nada mais justo, visto que são os personagens mais queridos e populares da franquia: Leon S. Kennedy e Jill Valentine.



A dinâmica dessa dupla ficou perfeita, funcionando muito bem ao longo do filme, mesmo com o contraste entre as personalidades dos personagens. Suas interações são muito bem escritas e certamente é uma ótima forma de testar a dinâmica entre os dois para quem sabe trazê-los juntos em um game futuro da franquia.



INFLUÊNCIA DE EVENTOS PASSADOS

Um outro ponto muito interessante de Resident Evil: Death Island é perceber a influência de eventos passados para a trama. Não é um enredo que vai continuar grandes arcos ou se aproveitar muito da lore dos outros games. Entretanto, existem algumas citações a acontecimentos vistos em jogos e animações anteriores que deixam o coração quentinho e ajudam a dar uma ideia de inserção em um universo — algo que particularmente, senti falta em Resident Evil 7 e Resident Evil Village, por exemplo.



Esses eventos passados influenciam na construção das personagens do filme. Uma citação, em especial, a Resident Evil 6 permite perceber o quanto um certo acontecimento marcou a vida de um personagem. Outro ponto muito positivo para Death Island.



RESUMÃO

Resident Evil: Death Island é um filme divertido e que aposta em um enredo leve e simples. A trama fica tão focada em agradar aos fãs com o encontro dos protagonistas e decide deixar o restante da história mais rasa, principalmente acerca dos vilões — o que não necessariamente é algo ruim. Certamente, é um filme para deixar o coração do fã quentinho, e que obtém muito sucesso com isso, já que as interações entre os personagens é excelente.