Resident Evil Village foi lançado em maio de 2021 e fez um sucesso estrondoso ao redor do mundo, vendendo milhões de cópias e sendo classificado em diversas premiações como Jogo do Ano. Mais de um ano depois, sua versão definitiva chega com a Expansão Winters / Gold Edition, adicionando três extras ao game.
O Resident Evil Project teve a oportunidade de jogar os conteúdos da Expansão Winters antecipadamente e trazemos aqui a nossa análise sobre cada modo extra ao jogo. Deixamos já o nosso agradecimento a Capcom Brasil pelo acesso a expansão.
Análise por: Gabriel Scórsin
INTRODUÇÃO
A Expansão Winters / Gold Edition de Resident Evil Village traz três conteúdos novos ao game. O primeiro é o Modo em Terceira Pessoa, pedido por uma grande parte da comunidade desde que o jogo foi anunciado em 2020, permitindo que os jogadores presenciem a jornada de Ethan Winters sob uma nova e familiar perspectiva; o segundo é Sombras de Rose / Shadows of Rose, capítulo narrativo que se passa 16 anos após os eventos principais de Village onde Rosemary Winters adentra na consciência do Megamiceto para tentar se livrar de seus estranhos poderes; por fim, o mini-game "The Mercenaries" ganha novos personagens e estágios para os fãs enfrentarem hordas de monstros em uma corrida contra o tempo.
MODO EM TERCEIRA PESSOA
Já posso começar informando que o modo em terceira pessoa foi a novidade que mais gostei da Expansão Winters. Revisitar Village sob essa perspectiva de câmera me fez ficar bem mais entretido com o jogo, ainda mais com detalhes novos na jogabilidade. Em certos momentos da campanha, é possível ver animações inéditas para Ethan Winters como reações do personagem a determinados acontecimentos, o que possibilita uma maior imersão dentro do universo ficcional. A movimentação do personagem e seus ataques também estão bem-feitos e tudo isso resulta em uma impressão de que você está jogando um game diferente.
Entretanto, esse modo possui dois defeitos ao meu ver, o primeiro sendo justamente cobrar por ele, quando deveria ser gratuito. Entendo que a equipe de desenvolvimento trabalhou bastante e praticamente teve que fazer o jogo uma segunda vez, mas a perspectiva em terceira pessoa é um recurso que atrai diferentes tipos de fãs, principalmente àqueles mais acostumados com gameplays estilo Resident Evil 4, e auxilia alguns jogadores a se sentirem bem mais confortáveis, uma vez que a perspectiva em primeira pessoa causa facilmente enjoo e náuseas para alguns.
Outro pequeno defeito que eu particularmente vejo é ainda esconder o rosto de Ethan e isso acabar interferindo em outras características da experiência. Basicamente, toda vez que a câmera vira, o personagem vai junto, nunca permitindo que seu rosto seja visto nitidamente e que a câmera não tenha a mesma dinâmica de Resident Evil 2 ou Resident Evil 3. Então não é possível correr em uma direção e apontar a câmera para outra, o que em certos momentos, dificulta bastante a visão do jogo e o combate contra os inimigos.
No entanto, dificilmente vou jogar Resident Evil Village novamente em primeira pessoa. O modo com a nova câmera me agradou bastante e espero que a Capcom siga sob essa perspectiva para futuros jogos da série. Não sou totalmente contra a primeira pessoa e acho que ela pode ser usada futuramente em spin-offs ou extras, mas prefiro mil vezes a terceira por sentir mais conforto e proximidade ao personagem.
SOMBRAS DE ROSE / HISTÓRIA
A história de Sombras de Rose se passa 16 anos após os eventos principais de Village, onde Rose Winters, filha do protagonista, adentra na consciência perturbada do Megamiceto para tentar se livrar de seus poderes. Somente dessa premissa, já dava para esperar uma série de coisas bizarras para essa DLC e uma história imensamente alucinada.
Sombras de Rose tem exatamente os mesmos erros e acertos da campanha principal de Village, ou seja, possui uma história principal até boa, conflito forte emocionalmente e uma personagem carismática dentro de uma jornada interessante e intrigante. A subtrama, no entanto, é marcada por explicações fracas, ausência de informações, algumas cenas que nada adicionam à narrativa e muitas oportunidades perdidas. Mesmo jogando a DLC sem expectativas e tendo em mente que seria focada somente na conclusão do arco da família Winters, não consegui me entreter tanto.
Sombras de Rose infelizmente está cheia de trechos para dar só volume de gameplay, momentos que simplesmente não deveriam existir por não adicionarem nada para o seu próprio enredo. Além disso, o capítulo também possui momentos narrativos que parecem mais uma combinação de The Evil Within com alguma animação clássica da Disney do que Resident Evil propriamente dito.
Agora, o que realmente tem de bom na narrativa de Sombras de Rose, mais focado na trama principal, são alguns momentos muito bonitos e emocionantes. Poucos, mas ainda assim são pequenas cenas de apertar o coração, se relacionar com os personagens e entender pelo que estão passando. Esses trechos possibilitam se simpatizar com Rose e aprofundam sua história, dando mais emoção ao desfecho da narrativa. Eu já gostava da família Winters antes de Sombras de Rose, agora gosto e os admiro ainda mais, e fico aliviado que tenham concluído esse arco usando uma DLC e não um jogo inteiro. Afinal, está na hora de Resident Evil continuar explorando mais o bioterrorismo e toda a estrutura narrativa que construíram em Resident Evil 7 com a volta da Umbrella e os segredos da Conexões do que dramas familiares.
SOMBRAS DE ROSE / GAMEPLAY
Assim como Village, achei que Sombras de Rose começou bem, mas terminou mal. Há um trecho específico da DLC em que o clímax é perdido e o conteúdo se tornou bem cansativo para mim. Nas primeiras partes, é bem legal revisitar o Castelo Dimitrescu, que nunca esteve tão macabro e assustador, enquanto os Face Eaters cercam Rose por todos os lados.
A primeira metade da gameplay exige que o jogador explore bem os cenários para juntar todos os recursos que puder e sobreviver às atrocidades da mente do Megamiceto. Já indo mais para o final, toda essa diversão foi se perdendo para mim com sequências de gameplay mais monótonas e bem diferentes do que estamos acostumados com Resident Evil em geral.
O terror é um grande destaque de Sombras de Rose. Na maior parte do tempo dessa DLC, estava com medo do que poderia vir. Os Face Eaters são criaturas terrivelmente assustadoras e seus efeitos sonoros são de arrepiar. Combinados com a ambientação escura e sinistra do Castelo Dimitrescu, a carga de terror é bem melhor que a da campanha principal. E ela não se limita apenas a um cenário! Conforme o jogador avança na DLC, outras localidades podem ser visitadas e o terror vai ganhando mais força. Um trecho específico bate de frente com diversos outros momentos de terror em Resident Evil como a luta contra Marguerite Baker ou a Casa Beneviento. Esse trecho em questão me fez ficar bem assustado e ter que pausar depois da parte terminar para respirar e beber uma água.
O lado ruim de toda essa carga incrível de terror é que a origem disso está mais alinhada a uma proposta metafísica, que remete a um teor sobrenatural. Afinal, Rose está dentro da mente de um ser, logo, tudo pode acontecer nesse universo, a imaginação não possui limites. Portanto, é um terror muito bem construído e que na gameplay oferece pontos positivos, mas em relação a história, acaba destoando bastante do que Resident Evil está acostumado a oferecer.
Em resumo, achei Sombras de Rose muito mais ou menos. Enquanto oferece um tempo considerável de diversão e momentos bonitos na trama de se ver, também exagera ao extremo em algumas partes, possui diversos trechos bem chatinhos de jogar e não se importa em deixar explicações vagas para a trama.
MERCENÁRIOS: ORDENS ADICIONAIS
Sempre gostei muito do mini-game The Mercenaries, desde sua primeira versão em Resident Evil 3: Nemesis até o polêmico Resident Evil 6. Quando anunciaram para Village, fiquei muito animado, mas ao experimenta-lo, acabei não curtindo tanto quanto os outros. Isso porque, além do fato de ser em primeira pessoa, uma perspectiva na qual não sou tão fã, não conseguia fazer direito os combos, algumas vezes os inimigos demoravam bastante para aparecer e não tinha conteúdo o bastante. Era somente Ethan lutando contra vários monstros em cenários da campanha principal.
Felizmente, após a Expansão Winters, isso mudou bastante. O modo continua em primeira pessoa, o que ainda não curto muito, mas a adição de novos personagens e estágios me garantiu um bom momento de diversão, principalmente jogando com Chris Redfield e Lady Dimitrescu.
Assumir a pele da madame monstruosa é uma experiência ótima e divertida. Seus controles também são bem fáceis de pegar, então não demorou muito para conseguir fatiar hordas de licanos com as garras da "vampira". Chris pode usar seus punhos para socar inimigos e suas armas são bem melhores que as de Ethan, deixando o mini-game mais dinâmico e menos estressante. Quanto a Karl Heisenberg, o lorde usa seu gigante martelo e poderes para atacar os monstros, mas não me diverti nem um pouco com ele, achei as mecânicas dele bem chatinhas para dizer a verdade.
De qualquer forma, o público que gosta de desafios e que curtiu o mini-game com Ethan vai com certeza ficar bem feliz. Agora estão servidos com quatro personagens com mecânicas completamente diferentes para tentar adquirir as melhores notas em 10 fases, sendo divididas em fases "padrão" e "difícil".
VALE A PENA?
Após contar toda a minha experiência com a Expansão Winters, chegou a hora de responder: Vale a pena comprar esse pack? É sempre muito difícil responder isso porque depende muito do tipo de fã que você é. Cada um tem sua própria visão e experiência com a franquia Resident Evil e sabe o quanto está disposto gastar com ela.
Se você gostou bastante de Resident Evil Village, com certeza vale a pena! Você vai poder revisitar esse jogo que tanto curtiu em uma perspectiva nova e muito bem-feita, presenciar o capítulo final do arco narrativo focado na família Winters e ainda receber novos conteúdos para o mini-game "The Mercenaries", deixando-o mais divertido.
Agora, se você jogou Resident Evil Village e curtiu mais ou menos ou não gostou, acredito que vale a pena esperar por uma promoção ou não comprar mesmo. Pois, o conteúdo que mais vale nesse pack e provavelmente o único que você vai curtir, é o modo em terceira pessoa.
E se você nunca jogou Resident Evil Village, só viu gameplays na internet, curtiu o que viu e quer ter a sua própria experiência, recomendo já pegar a Gold Edition. Assim você terá a versão definitiva de Village consigo e poderá curtir melhor o game por completo.
A Expansão Winters e a Gold Edition de Resident Evil Village estarão disponíveis em 28 de outubro de 2022 para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox One e PC.