Análise/REview: Resident Evil 7 biohazard



Algum tempo atrás, escrevi uma análise assim que Resident Evil 7 biohazard foi lançado, mas como foi uma análise mais básica e o Resident Evil Project cresceu muito nos últimos anos, decidi reescrever a análise colocando mais detalhes e uma visão mais crítica sobre o sétimo título da franquia.


Análise por: Gabriel Scórsin


INTRODUÇÃO

Resident Evil 7 biohazard é a sequência que a franquia Resident Evil estava precisando. Anos após os desastrosos eventos de Resident Evil 6, uma nova era do bioterrorismo começa e quem presencia um novo tipo de arma biológica é Ethan Winters, um engenheiro de software que mora em Los Angeles segundo um guia oficial do jogo, que segue para a cidade de Dulvey no estado de Louisiana nos Estados Unidos, ao receber um e-mail de sua esposa desaparecida por 3 anos.


Apesar do jogo adotar uma perspectiva bem diferente dos jogos anteriores, Resident Evil 7 consegue trazer um sentimento até nostálgico e bem típico dos jogos originais de Resident Evil, além de abrir um novo arco com imenso potencial para o futuro da série.  Entretanto, o jogo tem certos defeitos ao adotar uma perspectiva totalmente diferente e não trazer tantas conexões com o passado da franquia, dando regularmente aquela sensação "Ok, isso é bem Resident Evil mas... Isso acontece mesmo no universo de Resident Evil?". O que quero dizer basicamente é: ele tem um formato bem típico de um jogo de Resident Evil, se passando em uma casa gigante com puzzles, monstros, várias chaves, vai e volta, Save Room etc, mas por estarmos controlando um personagem nunca visto antes, totalmente comum, em primeira pessoa, lidando com monstros estranhos e presenciando alucinações, fica difícil acreditar que se passa no universo da saga.


A HISTÓRIA

Diferentemente de quase todos os outros jogos, temos apenas um personagem clássico aqui que é bem conhecido pelos fãs, e que só aparece no final. De resto, todos são novos. O protagonista, como já dito, se trata do rapaz Ethan Winters que segue até a residência da insana família Baker para resgatar sua esposa desaparecida, Mia Winters. Ao encontrar Mia, Ethan é capturado pelo pai da família e começa a passar por uma série de momentos assustadores.



A história de Resident Evil 7 é bem assustadora e cheia de mistérios, o que ajuda bastante a trazer uma boa carga de terror para o título. Lendo diferentes arquivos e presenciando momentos cada vez mais estranhos, o jogador vai ficando mais instigado a desvendar o que está por trás de toda a insanidade da família. A narrativa que acerca a situação dos Bakers envolve diferentes tipos de situações, desde raiva até tristeza. Vários momentos inesperados surpreendem o jogador e o deixa de boca aberta, principalmente na primeira metade do jogo.

Ethan, infelizmente, não é bem usado e torna-se um protagonista meio entediante em um certo ponto de vista. Não quer dizer que ele não passa de ser um cara qualquer, ele apenas não chegou a ter um desenvolvimento tão bom se comparado com outros personagens de Resident Evil, tal como Chris Redfield, Jill Valentine, Claire Redfield etc. Esse é um ponto negativo para a história de Resident Evil 7, que poderia explorar bem melhor Ethan e fazer com que o personagem tivesse mais espaço. Não estou dizendo que o Ethan é um cara totalmente inútil e não adiciona nada a franquia, até porque não é todo "civil comum" que tem determinação para salvar a ex-esposa e enfrentar tantas atrocidades como as de Resident Evil 7. Apenas teria sido melhor se Ethan tivesse um desenvolvimento mais elaborado e passasse de um "mero civil" para um personagem mais impactante. Até porque a franquia é bem conhecida pelo carisma de seus personagens desde o primeiro jogo.

Em contrapartida, temos outros personagens que mesmo você xingando eles toda hora, são cheios de carisma. Destaque para Jack Baker que instantaneamente se torna um dos melhores inimigos da franquia por ficar perseguindo Ethan com gritos loucos, risadas macabras e frases irônicas. A própria Mia é uma figura muito interessante e que, em um ponto da história, o jogador descobre que ela guarda inúmeros segredos e tem momentos onde é possível entender melhor quem ela é o que fez ela chegar na situação atual.



Mas o que a história de Resident Evil 7 de fato complementa para a história da saga? Ela abre um novo arco marcado por um novo tipo de arma biológica. Se paramos para pensar, estamos na terceira era do bioterrorismo. Do primeiro Resident Evil a Resident Evil CODE: Veronica (ou mais especificamente a Resident Evil The Umbrella Chronicles quando Chris e Jill destroem a Umbrella), temos monstros e armas virais como vírus, alguns levam tempo para serem formados, alguns não tem tanto raciocínio e o método de infecção não é tão eficaz, assim sendo a primeira era do bioterrorismo. A partir de Resident Evil 4 até Resident Evil 6 já temos a segunda era do bioterrorismo (apresentada até por Resident Evil Revelations com o Pânico de Terragrigia) onde esse perigo torna-se uma ameaça global com novas armas virais como parasitas que podem controlar uma comunidade inteira, monstros com mais raciocínio, uma forma mais fácil de contágio, vírus com potencial de grande calamidades como o T-Abyss. Chegamos então em Resident Evil 7 que apresenta uma arma biológica cujas habilidades elevam ainda mais o risco do bioterrorismo. 


Gostaria de falar bastante sobre o que essa nova arma biológica pode adicionar para os próximos títulos, porém eu poderia estar entregando muitos spoilers. Por isso, sugiro você se atentar ao máximo a história e ler os arquivos, principalmente os do final do jogo. Somente lendo mesmo você pode ter uma noção do perigo que o mundo corre caso novas armas biológicas como as de Resident Evil 7 sejam liberadas livremente por aí.


GAMEPLAY E JOGABILIDADE

Nunca gostei muito de jogos em primeira pessoa, mas Resident Evil 7 se tornou uma exceção. A câmera é até bem estática e não me causou muitos problemas de tontura ou enjoo. Preferia ainda que a franquia mantivesse o padrão da terceira pessoa onde podemos ver o personagem, até porque fica difícil se relacionar com um personagem que você não consegue ver o rosto.

Os controles são até bem confortáveis e fáceis de memorizar e isso permite que você tenha uma experiência mais imersiva no jogo, sem se preocupar em ficar decorando botão ou fazendo macumba no controle como em Resident Evil 6 que tem mecânicas bem confusas. Os movimentos dos personagens são bem fluidos e isso também ajuda o jogador a ter um certo conforto em sua jornada, o que é também uma evolução já que em Resident Evil 5 por exemplo os personagens tem movimentações muito "presas" ou "duras" e em Resident Evil 6 já são o oposto, movimentações muito (mais muito) "soltas".



A gameplay, em minha opinião, é o maior ponto positivo do jogo. Felizmente, temos uma gameplay bem típica de um título de Resident Evil. A última vez que tinha sentido a sensação de uma gameplay parecida com a dos clássicos foi em Resident Evil Revelations justamente por controlar Jill em um navio com vários cenários que relembravam a Mansão, ter acesso a baús, ter chaves diferentes para abrir determinadas portas, mesmo que nelas não tivessem muitas coisas, resolver alguns puzzles, aquele famoso "vai e volta", muitas balas para matar um único inimigo e por aí vai.



Resident Evil 7 traz esse sentimento de estar jogando um game clássico, mas em primeira pessoa. Temos muitos "vai e volta" pela casa gigante dos Bakers, diversas vezes temos que ir no baú pegar itens ou dar espaço no inventário limitado, gastamos vários tiros para lidar com um ou dois inimigos que estão pelo caminho, exploramos o cenário em busca de munição e ervas, pegamos chaves para abrir determinadas portas, resolver quebra-cabeças ali e aqui, abrimos o mapa para ver o caminho que podemos pegar e por aí vai. Essa gameplay me impressionou muito e é o que faz o jogo ficar tão divertido e me fez identificar o jogo com o formato clássico de Resident Evil.


SOM / EFEITOS SONOROS / TRILHA SONORA

Um outro ponto positivo é toda a parte sonora que antes não era tão bem trabalhada. Assim como a gameplay, o último título da franquia que me trouxe boas impressões do som foi Resident Evil Revelations. Em Resident Evil 7 o som se torna um aliado para você identificar a presença de inimigos pelo cenário, mas ao mesmo tempo, se torna uma grande assombração. Diversas vezes enquanto você anda pela casa dos Bakers, vários barulhos ecoam em seus ouvidos. E esses barulhos nunca vem somente de uma direção. Por exemplo, você está na Casa Principal andando, explorando a casa e ouve um barulho de algo rangendo a sua esquerda. Nessa direção tem apenas uma parede e logo você pensa que há alguma aberração atrás daquela parede, e na verdade, não tem nada. 

30 segundos depois, você ainda assustado com essa parede, ouve um barulho de algo caindo a sua direita. Você olha a direita, tem só uma porta ainda trancada. Esses efeitos sonoros, na primeira vez que você joga, aumentam demais a sua tensão e te fazem sentir como se estivesse em uma casa mal-assombrada, até porque a residência Baker é colocada como um local mal-assombrado de Louisiana, como vários jornais e materiais promocionais do jogo colocam. Então mesmo te deixando confuso, é um elemento super positivo para mim e que cumpre sua premissa de justamente assustar o jogador e trazer um certo desconforto a seu personagem.



Em relação a trilha sonora, ela foi muito bem elaborada e francamente já esperava isso desde que ouvi Go Tell Aunt Rhody no primeiro trailer. As músicas combinam perfeitamente com as cenas e situações que o jogo apresenta, assim dando mais emoção para a obra de forma geral. Ponto positivo para a volta das tão aclamadas músicas de Save Room! Em Resident Evil 7, quando você quiser relaxar como nos clássicos, basta ir a uma Save Room e ouvir uma boa música serena.


GRÁFICOS

Temos aqui a estreia da RE Engine (Reach for the Moon Engine) que posteriormente é usada no remake de Resident Evil 2 e em Devil May Cry 5. E é incrível ver como essa nova engine traz um realismo incrível para o jogo. Talvez por se tratar do primeiro jogo na RE Engine, temos um grande problema de carregamento dos cenários. É muito comum você estar andando pelos mapas do jogo e perceber várias texturas borradas. Algumas foram colocadas no jogo assim, já outras ficam borradas e depois se carregam ficando "bonitas". Em relação aos modelos dos personagens, a RE Engine prova ser a ferramenta certa para cria-los. Todos os personagens, sem exceção, ficaram muito realistas! Alguns deles menos por certos elementos que não foram tão elaborados como Mia que tem um cabelo com força sobrenatural. De qualquer forma, os gráficos são bem bonitos e Resident Evil 7 se tornou um ótimo palco para a estreia da RE Engine na Capcom.



LEGADO

Aonde tudo isso de Resident Evil 7 vai levar? Como disse antes, acho que o jogo abre um novo arco com muito potencial para a franquia, onde poderemos presenciar uma nova era do bioterrorismo com armas biológicas ainda mais fortes e elaboradas. Gostaria de rever personagens de Resident Evil 7 em futuros jogos, bem como presenciar lutas dos personagens clássicos como Chris e Jill contra essas novas armas biológicas. 

Em relação a gameplay, acredito que Resident Evil 7 trouxe de volta o formato clássico de Resident Evil e isso DEVE ser mantido para os próximos jogos. Eu gosto bastante dos games mais voltados para a ação, mas acredito que a franquia perdeu um pouco de sua identidade a partir de gameplays mais frenéticas e algumas até mais lineares. Assim, ficaria muito feliz se a Capcom continuasse mantendo esse nível de survival horror para o futuro da série. E lógico, a RE Engine também é algo a ser muito trabalhado com o passar dos anos, sendo uma ótima ferramenta para trazer melhor o horror de Resident Evil de forma realista.


RESUMÃO

Resident Evil 7 é sem dúvida um dos melhores jogos da franquia e seu grande ponto positivo é trazer o formato clássico do survival horror de Resident Evil para os nossos consoles atuais. O jogo é muito divertido contando com muitos elementos típicos da franquia, e também muito assustador, se destacando não só entre os jogos da saga, mas entre todos os jogos de terror já feitos em geral. A narrativa é boa e intrigante, porém peca em não elaborar mais conexões com o passado da franquia, causando um certo estranhamento para os fãs que estavam acostumados. Ele pode ser uma ótima opção para os novos fãs, já que não precisa saber sobre a história toda para entender o sétimo título. Ainda assim, sua história abre um novo arco com potencial a ser bem explorado nos futuros jogos da saga. Recomendado para todos os fãs da franquia e fãs de terror.


NOTA FINAL: 9,5